22 de abril de 2008

ROCK AND ROLL É CULTURA(?)



O universo do rock é muito vasto e diversificado. O termo abrange muita coisa e vai além da música. Muita gente ouve e gosta de rock e muitas vezes nem sabe disso. Está presente em todas as culturas e é executado em todo lugar. É o “estilo musical” que sempre agradou, em todos os tempos e em todo lugar. Toda a toplist, não imposta de que país, tem alguma coisa de rock na sua relação dos mais vendidos ou dos mais executados. Do Canadá ao Japão, da África do Sul à Finlândia. O rock é misturado, inserido, sampleado, fundido com todo tipo de tendências e estilos, cultura e comportamento, criando, inclusive, novos estilos. A música sertaneja típica dos sertões do sudoeste e sudeste, quando acrescentada elementos do rock pop, vira breganejo. Não é exagero. Bee Gees é rock é rhythms blues, por mais que você ache brega. O brega, aliás, é puro rock and roll. Reginaldo Rossi, Odair José, Reinaldo Braga, Bartô Galeno, Gerry Adriani, Roberto Carlos, Elvis Presley, todos esses fizeram ou fazem releituras, tanto musical, como comportamental, do bom e velho rock. Com o Pagode é a mesma coisa. Quando ao samba é misturado elementos do poprockabillyjovemguarda, vira pagode ou então, como a Beth Carvalho uma vez disse: o pagode é a jovem guarda de tan-tan e surdo. Até mesmo com o forró, e nem digo o newforró, que já regravaram, na maior cara de pau, Scorpions (eu não digo nada), U2, Oasis e outras coisas, mas falo do forró tradicional, que, de origem, é puro blues, boog, jazz, enfim, for all. Quem nunca ouviu Mangaratiba, de Luiz Gonzaga, legítimo blues inglês, tipo Fat Domino, autêntico beep boop. Na MPB, nos anos 60´s e 70´s, muita contestação e rebeldia e muitos signos do rock nos primeiros discos de Belchior, Caetano Veloso, Tom Zé, Gilberto Gil, Secos & Molhados, Alceu Valença, Walter Franco, Zé Rodix. O primeiro disco de Zé Ramalho é rock psicodélico puro. Vários encontros e formações inusitadas, de onde surgiram bandas de primeira, como SOM IMAGINARIO, O PESO, BACAMARTE, SOM NOSSO DE CADA DIA, CASA DAS MÁQUINAS, O TERÇO. E com a bossa nova? Que para a Europa foi quem inventou o Brasil? Se no caso do pagode, que misturou ao samba melodias simples e colantes, letras melosas e apelativas, típicos do pop, para João Gilberto, Tom Jobim, Baden, Carlos Lyra e outros inventarem a bossa nova acrescentou-se, ao que se pode também resumir de samba, o jazz e pronto. Mas Jazz e Blues não é Rock and Roll. Nasceram antes até. É verdade, mas Rock é Jazz ou Blues? Apesar do o que conhecemos como rock tenha surgido muito depois do jazz, do blues, o termo rock inclui todos esses ritmos. É mais fácil incluir Coltraine, Dizzy Gillespie, BB King no universo rock and roll do que dizer que Led Zeppelin, Wishbone Ash, Eric Clapton e The Doors são bandas de blues. O termo não define apenas um tipo de música, mas sim um comportamento, uma maneira de viver e ver o mundo. Na verdade, quando um jovem passa a se interessar por música, e, preferencialmente, pelo rock, acaba conhecendo muito mais do que se espera. Política, antropologia, sociologia, literatura. No mínimo, se interessa por outra língua ou em aprender música. A tocar um instrumento, formar uma banda. Bandas engajadas como U2, REM, Midnight Oil, UB50, Pixie, altamente politizadas. As bandas de rock progressivo e folkrock, que misturam o folklore e músicas tradicionais (Jethro Tull, Thin Lizzy) ou as que viajam na literatura e poesia (The Doors, Emerson Lake and Palmer, Pink Floyd, GENESIS), são conhecidas no mundo todo, em diversas culturas. Vendem milhares de discos e levam formação e cultura, além de tudo, para jovens de todo o mundo.
O rock, por essência, é algo que mexe por dentro, que não te deixa parado, muito mais que se mexer e requebrar, que o termo se referia no passado, é movimentar a cabeça, botar pra quebrar com as estruturas, preconceitos, romper barreiras, transformar e recriar. O tempo e diversos revolucionários, transformaram a banalidade/novidade/divertida do Rock and roll all the clock dos anos 50´s em um modo de vida, de contestação ou por que não de dizer de auto-revolução, que vai existir para sempre, pois o rock é mutante e nunca vai morrer, mas aí já é idéia de um outro cara, uma outra música... hey, hey, my, my, rock and roll never die!

(Paulo Ferreira –publicado no zine O Bardo #4 – 09/2006)

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