17 de março de 2010

A equipe de Gincana Flor de Zabumba não estará no ar em 2010.



A equipe de gincana Flor de Zabumba não estará no ar em 2010. Por diversos motivos. Dentre eles o de acreditar que a gincana em nada contribuir para o desenvolvimento de movimentos culturais em Ribeira do Pombal, apenas se aproveita, momentaneamente, de atividades que por si só já se fazem.

Assim, canalizaremos esforços em atividades que julgamos ser mais identificadas com nossos anseios para, de fato, transformar, e porque não dizer, criar uma nova cena cultural pombalense.

Desejamos que as equipes façam um bom trabalho, porque, como espectadores que seremos, à quem de fato devem ser dirigidas todas as atividades de uma equipe de gincana, esperaremos um excelente espetáculo.

A cena pombalense ainda continua acesa... pelo menos continuamos a assoprar a brasa.

20 de fevereiro de 2009

FLOR DE ZABUMBA NO AR!!! FLOR DE ZABUMBA NO AR!!!




GINCANA EM ABRIL, 17, 18 E 19. OUTONO NOVAMENTE. QUE BOM. A GINCANA, COM CERTEZA, É O MELHOR AGITO CULTURAL DE RIBEIRA DO POMBAL E A FLOR DE ZABUMBA NÃO PODERIA FICAR DE FORA. ESTAREMOS LÁ, FAZENDO A NOSSA PARTE... FLOR DE ZABUMBA NO AR!!!

9 de janeiro de 2009





SER GINCANEIRO, PELO MENOS UMA VEZ, É LEVAR PARA O RESTO DA VIDA UMA RECORDAÇÃO QUE FAZ O CORAÇÃO BATER MAIS RÁPIDO.
SER GINCANEIRO É TER NA LEMBRANÇA QUASE TRÊS DIAS, EM QUE NOS SENTIMOS VIVOS, GENTE, SER HUMANO E ACIMA DE TUDO, IRMÃO.
SER GINCANEIRO É SER PARCEIRO NO SORRISO DO OUTRO.
SER GINCANEIRO É DESCOBRIR QUE JUNTOS, SOMOS UMA COISA SÓ. UMA MASSA DE CABEÇAS, MÃOS SEMPRE DADAS. BRAÇOS SEMPRE ENTRELAÇADOS NUM ABRAÇO APERTADO QUE NÃO DEVE SER DEFINIDO PARA NÃO SER DIMINUÍDO.
SER GINCANEIRO É FAZER PARTE DE UM CORAÇÃO GIGANTE DE PERNAS, CABEÇAS, BRAÇOS, MÃOS QUE EM PERFEITA HARMONIA PULSAM, LEVANDO UMA MENSAGEM PURA DE AMOR E EMOÇÃO, AOS CORAÇÕES MAIS DUROS, DE COLEGAS QUE PISCANDO RÁPIDO TENTAM DISFARÇAR LÁGRIMAS QUENTES DE TERNURA QUE TEIMOSAS BROTAM DOS OLHOS ILUMINADOS POR UM SORRISO TÃO ESPONTÂNEO, COMO UMA BRISA MANSA...
SER GINCANEIRO É VESTIR ESTA CAMISA DE CABEÇA ERGUIDA E PEITO ESTUFADO E, ACIMA DE TUDO, ASSUMIR PLENAMENTE ESTA ESCOLHA.

6 de maio de 2008

e-Rex. LIXO ELETRÔNICO TRANSFORMADO EM ARTE



Mais uma vez a equipe FLOR DE ZABUMBA mostra que Gincana não é brincadeira e que está disposta e balançar geral as estruturas culturais de Ribeira do Pombal. Em setembro do ano passado foi o bolo. Réplica fiel da igreja matriz totalmente comestível. Não teve pra ninguém e foi grande o alvoroço quando entramos com a obra.
Nesse ano, antes mesmo de terminar a construção da escultura, já causávamos espanto. Todos já achavam que estava pronta, com apenas os pés e a barriga do bicho, e paravam para tirar foto. Quando, na sexta-feira, finalmente ficou pronta, com braços, pescoço e cabeça, foi ai que a cidade parou para ver e fotografar o e-Rex.
Foram 20 dias de noites trabalhando, desmontando PC, monitores. Estudando a estrutura. Cortando, serrando, soldando e clipando. Aos poucos o que estava na nossa imaginação ia ficando ponto. Uma das únicas esculturas de lixo eletrônico do Brasil, de presente para Ribeira do Pombal, a fim de chamar a atenção do povo para um problema tão grave e urgente. O LIXO ELETRONICO.

23 de abril de 2008

“ESTAVA À TOA NA VIDA E O MEU AMOR ME CHAMOU, PRA VER A BANDA PASSAR, CANTANDO COISAS DE AMOR”



Os versos de A Banda, música celebre composta por Chico Buarque, revela aos mais atentos, nas entrelinhas, o oposto que a letra anuncia. A composição é contemporânea ao golpe militar de 1964 e ali Chico pretende expor o carisma que a banda (marcial/fanfarra) filarmônica exerce sobre a população.

A moça, o velho, a criança. Todos são atraídos pela alegria entusiástica da melodia e o do som dos instrumentos de uma filarmônica quando ecoam na rua, o que comprova o quanto a música é uma arte primaz, que se enobrece pelo fato de seduzir e emocionar a todos, independentemente do tipo ou estilo.

Quando se trata de uma filarmônica, qualquer pessoa é instigada a, no mínimo, correr até à porta da casa para vê-la passar. Outros, a acompanham mesmo por todas as ruas da cidade.

Diante disso, vê-se que a “banda” é um patrimônio cultural importante, tendo em vista a relação visceral que pode ter com o povo de um lugar.

A música brasileira é mundialmente reconhecida como de grande qualidade. Incluindo todos os gêneros musicais, inclusive a instrumental e dentro desta aquela produzida pelas filarmônicas.

Entretanto, tradicionalmente, as bandas filarmônicas têm servido mais ao poder público e às forças armadas, onde inclusive tem seus soldados músicos e sua origem, do que à comunidade na qual está inserida, de forma a transformá-la verdadeiramente através da música e não apenas entretê-la.

O fato de que o exército, historicamente, capitaneou alguns momentos políticos, cujo desenlace provocou novos rumos político-administrativo, dentre eles o golpe de 1889, conhecido como a “Proclamação da República”, e o de 1964, conhecido como “Golpe de 64”, nunca deve ser esquecido pelo sério prejuízo que causou à Nação, em especial à liberdade civil e os direitos políticos.

Em relação a nossa Filarmônica, XV DE OUTUBRO, é inegável o belo trabalho feito de revitalização da mesma. Hoje ela conta com sede, boa parte dos instrumentos são novos e de qualidade. Uniforme novo e tudo mais. Apresentações em outras cidades, enobrecendo Ribeira do Pombal. Revitalização que é merecida, em se tratando de um patrimônio de 120 anos que há pouco tempo estava completamente esquecido e abandonado. Louros à atual administração e ao diretor de cultura.

Recuperada e reconhecida, a Filarmônica deve se desvencilhar de todo esse passado obscuro de nossa história recente, afastar-se dessa identidade marcial e oficialesca, de banda de comício e inaugurações. De coreto e palanque, feita para servir ao poder, o que era bem típico na época em que surgiram neste país. Hoje deve tocar mais para o povo e apenas para o povo. Utilizar-se do grande poder da música, a arte maior, para levar mais alegria e saber para esse povo tão sofrido e como na música de Chico Buarque, por um momento se despedir da dor, pra ver a banda passar, cantando coisas de amor...
(Paulo Ferreira)

OS MASCARADOS BARROCÃO - CORRA QUE ELES VÃO TE PEGAR!!!



Ribeira do Pombal é uma cidade que comporta uma vastidão de talentos e potenciais no meio cultural. Porém, a falta de apóio e de investimentos muitas vezes fazem os artistas caírem no anonimato, no esquecimento e nem colocando a frente seus potenciais artísticos e outras vezes indo embora daqui por falta de espaço.
Porém, dentre esses muitos "artistas" existem aqueles que primam por seus talentos e não desistem nunca de lutar pelo que acreditam. Dentre estes, encontramos um grupo cultural que se chama Os Mascarados, localizado no povoado Barrocão, situado no município de Ribeira do Pombal - Ba.

A apresentação de "Os Mascarados" encanta e atraí o público da localidade.
A variedade de trajes, cores , brilho e a alegria do grupo chamam à atenção do público. Composta de música e passos diferentes, prestando uma homenagem à morte e ressurreição de Jesus Cristo.

O grupo "Os Mascarados" é composto por uma equipe de jovens formado pelos componentes Raimundo Briba (já falecido), Sebastião R. de Góis, Benedito R. de Góis e Manoel Góis Cardoso (Néu de Zé Terade). Movimento cultural que existe há 40 anos. O grupo, formado por homens da localidade, expressa a criatividade, fazendo do Domingo de Páscoa um dia animado, onde crianças, jovens e adultos se divertem e até se assustam com as suas máscaras e suas roupas. No final do dia, faz-se uma leitura de um testamento ao qual deixa para muitos moradores uma herança cultural de forma satirizada, seguida da queima do Judas, simbolizando o extermino do traidor de Jesus Cristo.

Nessa brincadeira popular, que já perpassa nos seus 40 anos, não existe limites para a quantidade de participantes, há vários anos que chegam a 50 participantes por apresentação.

“Os Mascarados”. Prova que nunca podemos dizer que aqui em nossa cidade não existe pessoas que fazem acontecer. O que nos falta é oportunidades e investimentos.

Parabéns a todos os grupos que lutam pela cultura de nossa cidade!!!

22 de abril de 2008

ROCK AND ROLL É CULTURA(?)



O universo do rock é muito vasto e diversificado. O termo abrange muita coisa e vai além da música. Muita gente ouve e gosta de rock e muitas vezes nem sabe disso. Está presente em todas as culturas e é executado em todo lugar. É o “estilo musical” que sempre agradou, em todos os tempos e em todo lugar. Toda a toplist, não imposta de que país, tem alguma coisa de rock na sua relação dos mais vendidos ou dos mais executados. Do Canadá ao Japão, da África do Sul à Finlândia. O rock é misturado, inserido, sampleado, fundido com todo tipo de tendências e estilos, cultura e comportamento, criando, inclusive, novos estilos. A música sertaneja típica dos sertões do sudoeste e sudeste, quando acrescentada elementos do rock pop, vira breganejo. Não é exagero. Bee Gees é rock é rhythms blues, por mais que você ache brega. O brega, aliás, é puro rock and roll. Reginaldo Rossi, Odair José, Reinaldo Braga, Bartô Galeno, Gerry Adriani, Roberto Carlos, Elvis Presley, todos esses fizeram ou fazem releituras, tanto musical, como comportamental, do bom e velho rock. Com o Pagode é a mesma coisa. Quando ao samba é misturado elementos do poprockabillyjovemguarda, vira pagode ou então, como a Beth Carvalho uma vez disse: o pagode é a jovem guarda de tan-tan e surdo. Até mesmo com o forró, e nem digo o newforró, que já regravaram, na maior cara de pau, Scorpions (eu não digo nada), U2, Oasis e outras coisas, mas falo do forró tradicional, que, de origem, é puro blues, boog, jazz, enfim, for all. Quem nunca ouviu Mangaratiba, de Luiz Gonzaga, legítimo blues inglês, tipo Fat Domino, autêntico beep boop. Na MPB, nos anos 60´s e 70´s, muita contestação e rebeldia e muitos signos do rock nos primeiros discos de Belchior, Caetano Veloso, Tom Zé, Gilberto Gil, Secos & Molhados, Alceu Valença, Walter Franco, Zé Rodix. O primeiro disco de Zé Ramalho é rock psicodélico puro. Vários encontros e formações inusitadas, de onde surgiram bandas de primeira, como SOM IMAGINARIO, O PESO, BACAMARTE, SOM NOSSO DE CADA DIA, CASA DAS MÁQUINAS, O TERÇO. E com a bossa nova? Que para a Europa foi quem inventou o Brasil? Se no caso do pagode, que misturou ao samba melodias simples e colantes, letras melosas e apelativas, típicos do pop, para João Gilberto, Tom Jobim, Baden, Carlos Lyra e outros inventarem a bossa nova acrescentou-se, ao que se pode também resumir de samba, o jazz e pronto. Mas Jazz e Blues não é Rock and Roll. Nasceram antes até. É verdade, mas Rock é Jazz ou Blues? Apesar do o que conhecemos como rock tenha surgido muito depois do jazz, do blues, o termo rock inclui todos esses ritmos. É mais fácil incluir Coltraine, Dizzy Gillespie, BB King no universo rock and roll do que dizer que Led Zeppelin, Wishbone Ash, Eric Clapton e The Doors são bandas de blues. O termo não define apenas um tipo de música, mas sim um comportamento, uma maneira de viver e ver o mundo. Na verdade, quando um jovem passa a se interessar por música, e, preferencialmente, pelo rock, acaba conhecendo muito mais do que se espera. Política, antropologia, sociologia, literatura. No mínimo, se interessa por outra língua ou em aprender música. A tocar um instrumento, formar uma banda. Bandas engajadas como U2, REM, Midnight Oil, UB50, Pixie, altamente politizadas. As bandas de rock progressivo e folkrock, que misturam o folklore e músicas tradicionais (Jethro Tull, Thin Lizzy) ou as que viajam na literatura e poesia (The Doors, Emerson Lake and Palmer, Pink Floyd, GENESIS), são conhecidas no mundo todo, em diversas culturas. Vendem milhares de discos e levam formação e cultura, além de tudo, para jovens de todo o mundo.
O rock, por essência, é algo que mexe por dentro, que não te deixa parado, muito mais que se mexer e requebrar, que o termo se referia no passado, é movimentar a cabeça, botar pra quebrar com as estruturas, preconceitos, romper barreiras, transformar e recriar. O tempo e diversos revolucionários, transformaram a banalidade/novidade/divertida do Rock and roll all the clock dos anos 50´s em um modo de vida, de contestação ou por que não de dizer de auto-revolução, que vai existir para sempre, pois o rock é mutante e nunca vai morrer, mas aí já é idéia de um outro cara, uma outra música... hey, hey, my, my, rock and roll never die!

(Paulo Ferreira –publicado no zine O Bardo #4 – 09/2006)

21 de abril de 2008

O TEIMOSO TEATRO POMBALENSE


grupo CTMA


Apesar da falta de apoio do executivo, de interesse do povo, de um espaço público decente, de visão empresarial dos comerciantes, de censo político dos jovens, comprometimento de educadores, da falta de ousadia e irreverência do pombalense, o teatro sobrevive. À mingua, mas sobrevive.

Como um Zé Teimoso, levando na cara, mantém-se de pé, graças à teimosia de parcos Quixotes, que em seus gabinetes sonham com montagens e casa cheia. Pessoas emocionadas e jubiladas. Tenho saudades do grupo terra, as reuniões em uma casa na rua João XXIII (rua do campo, próximo aos fundos da casa do finado Tota Santos – Pai da 1ª Dama). O Professo Gilmar... Final dos anos 80. Ia lá por que tinha uma turma que gostava se “som” (leia-se rock).

Nessa época já existia o pomposo Grupo Étimus, do qual tive a honra de participar, criado por Osvaldo Morais (já muito interessado pelas palavras e escolheu esse nome para o grupo) e com ele Walter Lages, Geovane Bitencourt, Alessandra Morais, Eu, Fábio e Fernando Amorim, Cícero da rua da Ribeira, Ângela, Robéria, Zé Santos, Nilsinho e outros que não me lembro e não necessariamente nessa ordem (teve uma equipe de gincana com esse nome também). Auditório do Ceb lotado, uns esquetes escritos por Osvaldo, que improvisávamos em cima e a casa vinha abaixo. Era o “Solte o Riso” I, II, III ..... Teve também a Beata Maria do Egito.

Tinha também, um pouco antes, o Fiapo de Manga no Dente... marditoooo... fiapo de manga... preso no maxilar inferrriorrr... Vi, muito pirralho eu na época, alguns ensaios no antigo Grêmio(outro esqueleto do nosso armário), com Carlos Krakatoa, Jean, Dodinha, Alexa, Naidson e outros. Eram bem “revolucionários”, “politizados” , com pichações noturnas, publicações... Fizeram poucas apresentações.

O Étimus também fez uns dois infantis lá no Grêmio, mas teatro infantil o negócio é mais complicado, criança é fogo!

O Étimus, certamente, foi grupo mais consistente até hoje. Sempre com Osvaldo Morais ao centro teve várias fases. Fez várias apresentações nos povoados e outras cidades da região. Era muito bom, apesar da improvisação, do amadorismo e falta de apoio (como sempre).

Nessa época ouvi falar do Grupo Terra do Final dos anos 70 para inicio dos 80, com Ivan Neves, Dr. Jairo e outros.

No início dos anos 90, tentamos reativar o Étimus, com o Auto da Compadecida e uma outra peça de Osvaldo que não me lembro o nome, desta vez contanto com Fernanda Amorim e Joseone. Ensaios no antigo Galpão, no Centro Espírita Irmão Salustiano e na “casa” de Bito de Souza. Produzimos bem, mas não encenamos. Era o início de uma fase fria.

Em 1992 houve a tentativa de se fazermos um grupo, com Fernanda, Adriana Reis, Marquinho, Prego, Renifran, Alex. Zé Santos e Renifram fizeram umas peças no Ceb nessa época, era “Aids, aconteceu comigo”, bem sutil né???
Osvaldo Morais continuou, com o professor Aiton e outros, montou algumas peças espíritas, mas com muita dificuldade, tempo para conciliar o trabalho, estudos e ensaios, falta de espaço.

Nos dias atuais, com a teimosia que já disse, o teatro pombalense ainda respira com o grupo CTMA, Kelly, Jamires, Normanda e outros mantém a chama acesa e já produziram algumas montagens, se juntaram para produzir outras. Se apresentaram nas Domingueiras, no Eventual Rock e o pessoal gosta muito. As meninas são esforçadas e fazem um bom trabalho.

Assim, o Zé Teimoso do teatro Pombalense vai capengando, capengando seguindo o seu caminho. Capengando por vários motivos e motivos falsos. O que falta empenho nosso, que gosta de fazer teatro, apoiar esses poucos que seguram o teatro em pé, para que algo mais permanente aconteça.

Arregacemos as mangas!!!

(Paulo Ferreira)

20 de abril de 2008

VAQUEJADAS: MANIFESTAÇÕES DAS CULTURAS POPULARES OU CRIME DE CRUELDADE E MAUS-TRATOS CONTRA OS ANIMAIS?



INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem por objetivo discorrer acerca das vaquejadas, "modalidade esportiva" praticada sobretudo no Nordeste brasileiro, na qual dois vaqueiros a cavalo devem derrubar um boi, dentro dos limites de uma demarcação a cal, puxando-o pelo rabo.

A polêmica é grande e as correntes de pensamento são conflitantes. O costume tornou-se objeto amplo de discussão entre aqueles que exploram esse tipo de empreendimento e as entidades protetoras dos animais.

Os defensores das vaquejadas alegam que ela é um elemento arraigado em nossa cultura, amparada pelo disposto no art. 215, § 1º, da Constituição Federal, que diz que "o Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais" e que "o Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional", além de servir de atrativo para o incremento do turismo, movimentando a economia local, com a geração de vários empregos sazonais.

Em sentido contrário, temos o art. 225, § 1º, VII, segundo o qual incumbe ao Poder Público proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais à crueldade.

Assim é que se faz necessário um estudo mais aprofundado do tema, a fim de responder as seguintes indagações: a vaquejada é uma manifestação das culturas populares, amparada pelo disposto no art. 215, § 1º, da Constituição Federal? A vaquejada é uma prática que submete os animais à crueldade, os expondo a maus-tratos, vedada pelo art. 225, § 1º, VII, da Constituição Federal? A prática da vaquejada é ilegal e inconstitucional?

Dessa forma, busca-se mostrar que as vaquejadas são práticas ilegais e inconstitucionais, nas quais os animais são submetidos a abusos, crueldade e maus-tratos, realizadas sob o falso véu de manifestações das culturas populares, devendo ser coibidas com rigor pelo Poder Público e pela coletividade, conforme o disposto no art. 225, § 1º, VII, da Constituição Federal e demais leis ou atos legais de caráter ambiental.

VAQUEJADAS

Considerações gerais acerca das vaquejadas

A vaquejada é uma "modalidade esportiva" praticada sobretudo no Nordeste brasileiro, na qual dois vaqueiros a cavalo devem derrubar um boi, dentro dos limites de uma demarcação a cal, puxando-o pelo rabo. Vence a dupla que obtiver maior número de pontos.

Originou-se da necessidade de reunir o gado que era criado solto na mata na época dos coronéis. Conforme José Euzébio Fernandes Bezerra (2007, on line):

Na verdade, tudo começou aqui pelo Nordeste com o Ciclo dos Currais. É onde entram as apartações. Os campos de criar não eram cercados. O gado, criado em vastos campos abertos, distanciava-se em busca de alimentação mais abundante nos fundos dos pastos. Para juntar gado disperso pelas serras, caatingas e tabuleiros, foi que surgiu a apartação.

Escolhia-se antecipadamente uma determinada fazenda e, no dia marcado para o início da apartação, numerosos fazendeiros e vaqueiros devidamente encourados partiam para o campo, guiados pelo fazendeiro anfitrião, divididos em grupos espalhados em todas as direções à procura da gadaria.

O gado encontrado era cercado em uma malhada ou rodeador, lugar mais ou menos aberto, comumente sombreado por algumas árvores, onde as reses costumavam proteger-se do sol, e nesse caso o grupo de vaqueiros se dividia. Habitualmente ficava um vaqueiro aboiador para dar o sinal do local aos companheiros ausentes. Um certo número de vaqueiros ficava dando o cerco, enquanto os outros continuavam a campear. Ao fim da tarde, cada grupo encaminhava o gado através de um vaquejador, estrada ou caminho aberto por onde conduzir o gado para os currais da fazenda.

O gado era tangido na base do traquejo, como era chamada a prática ou jeito de conduzi-lo para os currais. Quando era encontrado um barbatão da conta do vaqueiro da fazenda-sede, ou da conta de vaqueiro de outra fazenda, era necessário pegá-lo de carreira. Barbatão era o touro ou novilho que, por ter sido criado nos matos, se tornara bravio. Depois de derrubado, o animal era peado e enchocalhado. Quando a rés não era peada, era algemada com uma algema de madeira, pequena forquilha colocada em uma de suas patas dianteiras para não deixa-la correr.

Se o vaqueiro que corria mais próximo do boi não conseguia pega-lo pela bassoura, o mesmo que rabo ou cauda do animal, e derrubá-lo, os companheiros lhe gritavam:

- Você botou o boi no mato!

De início, a vaquejada marcava apenas o encerramento festivo de uma etapa de trabalho - reunir o gado, marcar, castrar, tratar as feridas, etc., trabalho essencial dos vaqueiros. Era a "Festa da apartação", da separação do gado. Feita a separação, acontecia a vaquejada. São provas que mostram a habilidade dos peões e vaqueiros na lida com cavalos e gado.

Por volta de 1940, os vaqueiros de várias partes do Nordeste começaram a tornar público suas habilidades na Corrida do Mourão.

Os coronéis e os senhores de engenho passaram a organizar torneios de vaquejadas, onde os participantes eram os vaqueiros, e os patrões faziam apostas entre si, mas ainda não existiam premiações para os campeões. Os coronéis davam apenas um "agrado" para os vaqueiros que venciam. A festa se tornou um bom passatempo para os patrões, suas mulheres e seus filhos.

Com o passar do tempo, as vaquejadas foram se popularizando. Tornaram-se competições, com calendário e regras bem definidas. Viraram "indústrias" milionárias, que oferecem verdadeiras fortunas em prêmios.

Hoje, há dezenas de parques de vaquejada no Nordeste. Vaqueiros de todas as partes se reúnem para as disputas, pela glória e pelos prêmios, cada vez mais atrativos.

De acordo com Cláudia Magalhães (2007, on line):

Embora não haja um estudo que contabilize os recursos envolvidos durante a realização do esporte, a estimativa, segundo Egilson Teles, apresentador do Programa Vaquejada, da TV Diário, é que cada evento envolve somas que podem chegar a R$ 500 mil.

Em Santa Quitéria, por exemplo, conforme o vice-prefeito e organizador da vaquejada do Município, Chagas Mesquita, a etapa realizada no período de 24 a 26 último no Parque Arteiro Lobo de Mesquita, envolveu cerca de R$ 250 mil em recursos. O evento reuniu cerca de 500 vaqueiros divididos em 100 equipes do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Rio de Janeiro, além de 350 bois e 300 cavalos. Em premiação foram distribuídos R$ 22 mil para os 20 primeiros lugares e mais uma moto Honda e R$ 3 mil para o grande vencedor do evento.

AS VAQUEJADAS E A PROTEÇÃO DAS MANIFESTAÇÕES DAS CULTURAS POPULARES

Dispõe a Constituição Federal de 1988, em seu art. 215, § 1º, que "o Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais" e que "o Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional".

Segundo Celso Antônio Pacheco Fiorillo (2007, p. 238), "ao se tutelar o meio ambiente cultural, o objeto imediato de proteção relacionado com a qualidade de vida é o patrimônio cultural de um povo".

De acordo com o Decreto-Lei nº. 25, de 30 de novembro de 1937, em seu art. 1º, "constitui o patrimônio histórico e artístico nacional o conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico".

A Constituição Federal de 1988, por sua vez, recepcionou o Decreto-Lei nº. 25/37, e em seu art. 216 conceitua como patrimônio cultural "os bens de natureza material ou imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: as formas de expressão; os modos de criar, fazer e viver; as criações científicas, artísticas e tecnológicas; as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico".

Desse modo, para que um bem seja visto como patrimônio cultural é necessária a existência de nexo vinculante com a identidade, a ação e a memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira. Uma vez reconhecido como patrimônio cultural, integra a categoria de bem ambiental e, em decorrência disso, difuso (FIORILLO, 2007, p. 239).

Conforme o antropólogo cultural Luigi Satriani (1986, p. 41), a cultura é "o complexo dos modos de vida, dos usos dos costumes, das estruturas e organizações familiares e sociais, das crenças do espírito, dos conhecimentos e das concepções dos valores que se encontram em cada agregado social: em palavras mais simples e mais breves, toda atividade do homem entendido como ser dotado de razão".

Cultura popular, como o próprio nome já diz, é a cultura do povo. É o resultado de uma interação contínua entre as pessoas pertencentes a determinadas regiões. Seu conteúdo é específico daquela localidade. Nasceu da adaptação do homem ao ambiente onde vive e abrange inúmeras áreas de conhecimento, aí incluídos suas crenças, artes, moral, leis, linguagem, idéias, hábitos, tradições, usos e costumes, etc. Esses conjuntos de práticas e tradições são expressados através de festas, mitos, lendas, crendices, costumes, danças, superstições e outras tantas formas de manifestações artísticas do povo desta região, como na alimentação, na linguagem, na religiosidade e na vestimenta.

Assim, a cultura popular é a expressão mais legítima e espontânea de um povo. Ao mesmo tempo em que carrega em si elementos fundadores de uma cultura, resulta de um constante processo de transformação, assimilação e mistura.

Os defensores das vaquejadas alegam que ela é um elemento arraigado em nossa cultura.

A festa da vaquejada era, segundo Câmara Cascudo (1976, p. 17), a data festiva "mais tradicional do ciclo do gado nordestino, uma exibição de força ágil, provocadora de aplausos e criadora de fama".

Para o professor Eriosvaldo Lima Barbosa (2007, on line):

A vaquejada não só lembra um costume passado como celebra a própria sociedade da qual é parte; fala dessa sociedade, de seus valores e de seus códigos de sociabilidades; fala do homem que a pratica, como a pratica e com que propósitos.

A nova vaquejada, praticada nos parques de vaquejada a partir desses novos elementos, não significa a morte da tradição, como muitos podem supor, mas a sua reinvenção, a sua recriação como é característico dos processos culturais em todos os tempos.

Entendemos a vaquejada como uma teia tecida com elementos tanto do passado como de elementos novos, exigidos pelas demandas do presente. Ou seja, o popular da vaquejada não se encontra em suas antiguidades vulgares, mas na engenhosidade de sua transformação e atualização.

A vaquejada, hoje, não é ‘sobra do passado’ (‘sobrevivência’) e nem pode ser vista como uma ‘invenção’ atribuída com exclusividade ao presente, pois como sabemos, dependendo de demandas específicas de cada cultura e de cada época, determinadas práticas culturais podem encontrar, no passado, a legitimidade de que precisam para redefinir importantes práticas no presente, como é o caso da vaquejada. Por essa razão, a vaquejada, como expressão cultural popular, não pode ser vista como objeto de museu do folclore, presa aos fósseis do passado, mas como manifestação cultural cujas camadas populares continuam usando matérias e formas de expressão novas, submetendo a vaquejada a novos condicionamentos sociais, econômicos e culturais.

Assim, a vaquejada é uma manifestação cultural nordestina, uma peleja entre o homem e o boi, que difunde a cultura da região. Dessa forma, está amparada pelo disposto no art. 215, § 1º, da Constituição Federal.

Em sentido contrário, o acórdão que trata da matéria referente à farra do boi:

Garantir a todos o pleno exercício de direitos culturais, incentivando a valorização e a difusão das manifestações, não prescinde da observância da norma do art. 225, § 1º, inciso VII, da CF, que veda prática que acabe por submeter os animais à crueldade. (STF - Min. Marco Aurélio - Recurso Extraordinário nº. 153.531-8/SC).

Mario Freire Ribeiro Filho (2007, on line), superintendente da SEMACE, diz que:

Apesar da vaquejada se apresentar como manifestação cultural arraigada de elementos históricos e sociais, hoje não mais se verifica como aceitável perante a ordem jurídica em virtude dos maus tratos submetidos aos animais, constituindo em crime com base no art. 32 de Lei Federal nº. 9.605/98. Contudo, em face da relevância sócio-cultural dessa prática, devem-se buscar formas, inclusive já existentes, de compatibilizá-la com a lei ambiental mediante a utilização de medidas mitigadoras que garantam a integridade dos animais, devendo prevalecer sempre o bom senso.

AS VAQUEJADAS E A PROTEÇÃO DA FAUNA

Em sentido amplo, entende-se por fauna o conjunto das espécies animais que vivem em um espaço geográfico ou em um determinado habitat.

O Código Civil de 1916 considerava a fauna res nullius ou res derelicate, conforme o disposto nos arts. 592 à 602 (Da Aquisição e Perda da Propriedade Móvel). Res nullius é a coisa sem dono, que não pertence a ninguém. Res derelictae é a coisa abandonada, sem dono.

Com a crescente conscientização acerca da importância da fauna para o equilíbrio ecológico, essa concepção foi modificada. O equilíbrio ecológico é um requisito para a manutenção da qualidade e das características essenciais do ecossistema ou de determinado meio. Não deve ser entendido como situação estática, mas como estado dinâmico no amplo contexto das relações entre os vários seres que compõem o meio. A destruição do equilíbrio ecológico causa a extinção de espécies e coloca em risco os processos ecológicos essenciais. Daí a sua importância.

A legislação distingue entre fauna silvestre brasileira, fauna silvestre exótica e fauna doméstica. Conforme o disposto na Portaria nº. 29, de 24 de março de 1994, em seu art. 2º, considera-se Fauna silvestre brasileira, todas as espécies que ocorram naturalmente no território brasileiro, ou que utilizem naturalmente esse território em alguma fase de seu ciclo biológico; Fauna silvestre exótica, todas as espécies que não ocorram naturalmente no território brasileiro, possuindo ou não populações livres na natureza; Fauna doméstica, todas as espécies que através de processos tradicionais de manejo tornam-se domésticas possuindo características biológicas e comportamentais em estreita dependência do homem.

A Lei nº. 5.197 de 3 de janeiro de 1967 dispõe sobre a proteção à fauna, e em seu art. 1º, caput, diz que "os animais de quaisquer espécies, em qualquer fase do seu desenvolvimento e que vivem naturalmente fora do cativeiro, constituindo a fauna silvestre, bem como seus ninhos, abrigos e criadouros naturais são propriedades do Estado, sendo proibida a sua utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha".

Todavia, esse artigo tratou de restringir o conteúdo da fauna, resumindo o objeto de proteção da lei à fauna silvestre.

A Constituição Federal de 1988, no seu art. 225, § 1º, VII, ao aludir à proteção da fauna, não delimitou o seu conceito. Segundo esse dispositivo, incumbe ao Poder Público proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais à crueldade.

A tutela dos animais domésticos e selvagens obedece a finalidades diferentes. Trata-se de preservar os primeiros de atos de crueldade e do abandono e de proteger os segundos de uma captura, destruição, comercialização desenfreada e que os tornam particularmente vulneráveis.

Assim, em nível Constitucional, todos os animais foram igualmente tutelados, independentemente da espécie a que pertençam ou do habitat em que vivam. Noutro dizer, todos os espécimes integrantes da fauna brasileira, "nativos ou não, independentemente de qualquer classificação, espécie ou categoria, de sua ferocidade, nocividade ou mansidão, constituem bens ambientais integrantes dos recursos ambientais juridicamente protegidos" (CUSTÓDIO, 1998, p. 60-92).

Diante do exposto, fica evidente a importância da fauna para a manutenção do equilíbrio ecológico, o que é imprescindível à sobrevivência das espécies, inclusive do homem.

O Decreto Federal nº. 24.645/34, que ainda está em vigor, em seu art. 3º, I, diz que "consideram-se maus tratos praticar ato de abuso ou crueldade em qualquer animal".

O art. 225, § 1º, VII, da Constituição Federal, dispõe que "todos tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preserva-lo para as presentes e futuras gerações", e que "para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade".

A Lei de Crimes Ambientais (Lei nº. 9.605/98), em seu art. 32, considera crime contra a fauna "praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos", cuja pena é de "detenção, de três meses a um ano, e multa".

Assim, diversas disposições legais, previstas na Constituição Federal e demais leis ou atos legais de caráter ambiental, têm por objetivo a proteção da fauna.

Nas vaquejadas dois vaqueiros correm a galope, cercando um animal em fuga, que tem sua cauda tracionada e torcida para que tombe ao chão.

Transcrevemos o que diz Policarpo Feitosa (apud BEZERRA, 2007, on line):

Inclinados, quase deitados sobre o cavalo, cujo pescoço cingem com um braço, a outra mão estirada para diante e para baixo, já meio fechada como um gancho, buscam na corrida desenfreada o momento propício e rapidíssimo em que, segura a extremidade da cauda enrolada na mão, a rês esteja, entre um e outro contacto com a terra, de patas no ar. Então, firmando-se nos estribos, executam um movimento de tração, em que o jeito e a presteza são mais valiosos que a força. Desviando repentinamente da direção seguida e faltando-lhe o apoio do solo, o animal "arrastado" faz meia volta e rola desamparado por terra, descrevendo com as patas, se a derrubada a perfeita, um semicírculo no ar.

Conforme parecer técnico emitido em 25 de julho de 1999 pela Dra. Irvênia Luiza de Santis Prada (apud LEITÃO, 2002, p. 23):

Ao perseguirem o bovino, os peões acabam por segurá-lo fortemente pela cauda (rabo), fazendo com que ele estanque e seja contido. A cauda dos animais é composta, em sua estrutura óssea, por uma seqüência de vértebras, chamadas coccígeas ou caudais, que se articulam umas com as outras. Nesse gesto brusco de tracionar violentamente o animal pelo rabo, é muito provável que disto resulte luxação das vértebras, ou seja, perda da condição anatômica de contato de uma com a outra. Com essa ocorrência, existe a ruptura de ligamentos e de vasos sangüíneos, portanto, estabelecendo-se lesões traumáticas. Não deve ser rara a desinserção (arrancamento) da cauda, de sua conexão com o tronco. Como a porção caudal da coluna vertebral representa continuação dos outros segmentos da coluna vertebral, particularmente na região sacral, afecções que ocorrem primeiramente nas vértebras caudais podem repercutir mais para frente, comprometendo inclusive a medula espinhal que se acha contida dentro do canal vertebral. Esses processos patológicos são muito dolorosos, dada a conexão da medula espinhal com as raízes dos nervos espinhais, por onde trafegam inclusive os estímulos nociceptivos (causadores de dor). Volto a repetir que além de dor física, os animais submetidos a esses procedimentos vivenciam sofrimento mental.

A estrutura dos eqüinos e bovinos é passível de lesões na ocorrência de quaisquer procedimentos violentos, bruscos e/ou agressivos, em coerência com a constituição de todos os corpos formados por matéria viva. Por outro lado, sendo o "cérebro", o órgão de expressão da mente, a complexa configuração morfo-funcional que exibe em eqüinos e bovinos é indicativa da capacidade psíquica desses animais, de aliviar e interpretar as situações adversas a que são submetidos, disto resultando sofrimento.

Abusos também ocorrem antes de o animal ser solto na arena. Para que o bovino, manso e vagaroso, adentre a arena em fuga, o animal é confinado em um pequeno cercado, onde é atormentado, encurralado, espancado com pedaços de madeira, e submetido a vigorosas e sucessivas trações de cauda.

A natureza cruel das vaquejadas é atestada, ainda, pelas Regras das vaquejadas (2007, on line), onde se lê que "numa pista de 160 metros de comprimento com variações em sua largura, demarca-se uma faixa aonde os bois deverão ser derrubados. Dentro deste limite será válido o ponto, somente quando o boi, ao cair, não queimar a cal (material usado para demarcar as faixas), isso acontece quando o boi é puxado dentro da faixa e mostra as quatro patas antes de levantar-se ainda dentro das faixas de classificação. O boi que ficar de pé, em cima da faixa receberá nota zero de imediato" e que "o boi será julgado de pé. Deitado, somente caso não tenha condições de levantar-se" (grifo nosso).

Caudas arrancadas são comuns em vaquejadas. Conforme disposto no regulamento do "IV Potro do Futuro & IV Campeonato Nacional ABQM – Vaquejada", realizado na cidade de Campina Grande – PB (2007, on line):

REGULAMENTO DO IV POTRO DO FUTURO ABQM DE VAQUEJADA

Disposições Gerais para o IV Potro do Futuro de Vaquejada

[...]

E – Caso o rabo ou a maçaroca do boi parta-se no momento da queda, e o boi não cair, o mesmo será julgado de acordo com os critérios abaixo, tanto na fase de classificação como na fase final:

- Primeira quebra: caso o boi não caia, a dupla competidora terá direito a um boi extra;

- Segunda quebra: o boi será julgado, caindo ou não; a dupla competidora não terá direito a boi extra;

- Terceira quebra: a dupla competidora terá nota zero, independente do julgamento do boi.

De acordo com Geuza Leitão (2007, on line), presidente da UIPA – União Internacional Protetora dos Animais, a vaquejada é crueldade contra animais:

É crime previsto no Art. 32 da Lei de Crimes Ambientais (Lei 9605/1998) e Art. 225, § 1º, VII da Constituição Federal. Estudos da UIPA e pareceres de médicos veterinários dão conta da violência e dor sofridos pelos animais numa vaquejada. Contudo, não são divulgados para o publico os métodos cruéis utilizados para ocasionar a corrida dos bois, mas sabe-se de seu confinamento prévio por longo período, a utilização de açoites e ofendículos, a introdução de pimenta e mostarda via anal, choques elétricos e outras práticas caracterizadoras de maus-tratos.

Segundo a veterinária Gerlene Castelo Branco (2007, on line), presidente do Sindicato dos Médicos Veterinários do Ceará:

De acordo com a Lei nº. 9.605, de 1998, artigo 32, considera-se crime de crueldade, este tipo de tratamento dado aos animais em vaquejada. Os animais, como os seres humanos, são dotados de emoções, como amor, raiva, ansiedade, ciúmes, medo e principalmente a dor. Cadê a superioridade dos seres humanos? Onde está o respeito ao próximo e aos animais? Coloquem-se só por um minuto no lugar deles! Existem outras formas de se divertir. Pois numa diversão todos deveriam sair ganhando!

Afirma a Procuradora de Justiça e coordenadora do Centro de Apoio ao Meio Ambiente (Caomace), Sheila Pitombeira (2007, on line):

Vaquejada, segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, é o ato de juntar o gado espalhado nos campos para a apartação de reses, ferra, etc., e devolução aos donos. Ou, torneio onde os vaqueiros demonstram suas habilidades na derrubada de novilhos. Melancolicamente, a competição diverte exatamente na demonstração das habilidades do vaqueiro (peão) em derrubar e arrastar o animal, exibindo-se ao público como exímio dominador. Se essa conduta caracterizar prática de abuso (excesso) e maus-tratos (castigos imoderados), talvez seja melhor não mais consultar os dicionários.

Assim, a ocorrência de crueldade contra os animais é indissociável da prática. Porém, medidas estão sendo tomadas.

A 18ª Vaquejada de Serra do Ramalho (BA) foi cancelada por determinação da Justiça. O juiz Roberto Wolf determinou o impedimento da vaquejada por causa dos maus-tratos que os animais sofrem neste tipo de competição. Ele aceitou o pedido do promotor Beneval Mutim em uma ação cautelar. O promotor alegou que os animais são constantemente vítimas de maus-tratos, sofrem luxações, hemorragias internas e se apavoram com os vaqueiros.

A Promotoria de Defesa do Meio Ambiente do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) firmou Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o empresário José Raul Alkmin Leão, proprietário do Parque do Grupo Leão Vaquejada. Acordo foi motivado por representação feita pela Associação Protetora dos Animais do Distrito Federal, ProAnima, entregue ao MPDFT ano passado, e foi estabelecido especificamente para a festa "O Maior São João de Brasília", realizada na cidade satélite Recanto das Emas. De acordo com o documento, para cada infração cometida, será devida multa de R$ 20 mil.

Pelo acordo firmado, o empresário comprometeu-se a adotar todas as medidas necessárias para evitar maus-tratos e atos considerados cruéis aos animais expostos em rodeios, vaquejadas e eventos semelhantes na área conhecida como Parque de Vaquejada do Grupo Leão.

Os argumentos feitos pela ProAnima na representação são de que qualquer vaquejada implica, necessariamente, em maus-tratos. Para Simone de Lima (2007, on line), consultora da ProAnima, "a regra da vaquejada é lançar um animal em movimento desesperado e laçá-lo ou puxá-lo pelo rabo. No momento do lançamento ele recebe um solavanco e cai para trás". Segundo ela, não existe possibilidade do animal não se ferir neste processo. "É uma questão de física dos corpos, antes de ser uma questão de fisiologia. Não se estanca um corpo em movimento, em alta velocidade, sem lhe provocar lesões", explica.

"Assim, se é dever do Poder Público a preservação/proteção da fauna, não pode este tolerar (omissão) e, muito menos "autorizar" (ação), ainda que por lei, atividade atentatória à fauna", conforme muito bem ressaltado pelos Promotores de Justiça Marcos Tadeu Rioli e Fausto Luciano Panicacci, em agravo de instrumento interposto em face de decisão que reconsiderou e revogou liminar anteriormente concedida nos autos do processo nº. 561/05, da 2ª Vara da Comarca de Mococa.

CONCLUSÃO

Por todo o exposto, verifica-se nas vaquejadas um completo desrespeito pelos animais, o que afronta o disposto no art. 225, § 1º, VII, da Constituição Federal e demais leis ou atos legais de caráter ambiental. Dessa forma, são práticas ilegais e inconstitucionais, realizadas sob o falso véu de manifestações das culturas populares, devendo ser coibidas com rigor pelo Poder Público e pela coletividade.



REFERÊNCIAS

LIVROS:

CAMARA CASCUDO, Luis da. A vaquejada nordestina e sua origem. Natal: Fundação José Augusto, 1976.

FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro. 8. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2007.

FREITAS, Vladimir Passos de; FREITAS, Gilberto Passos de. Crimes contra a natureza. 6. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000.

LEITÃO, Geuza. A voz dos sem voz, direito dos animais. Fortaleza: INESP, 2002.

MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito ambiental brasileiro. 10. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Malheiros, 1998.

PRADO, Luiz Regis. Crimes contra o ambiente: anotações à Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. 2. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001.

SATRIANI, Luigi M. Lombardi. Antropologia cultural e análise da cultura subalterna. São Paulo: Hucitec, 1986.

DOCUMENTOS JURÍDICOS:

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Senado, 1988.

Lei nº. 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Disponível em: www.planalto.gov.br/CCIVIL/Leis/L6938
Lei nº. 7.347, de 24 de julho de 1985. Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio-ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico (VETADO) e dá outras providências. Disponível em: .
Lei nº. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Disponível em: .
PERIÓDICOS:
BEZERRA, José Fernandes. No mundo do vaqueiro. Disponível em: . Acesso em: 12 set. 2007.
CUSTÓDIO, Helita Barreira. Crueldade contra animais e a proteção destes como relevante questão jurídico-ambiental e Constitucional. Revista de Direito Ambiental, São Paulo, n. 10, p. 60-92, 1998.
KAMEI, Karina Keiko. Alguns fundamentos para a efetiva proteção dos animais utilizados em rodeios. Disponível em: . Acesso em: 11 set. 2007.
MAGALHÃES, Cláudia. Vaquejadas viram "indústrias" milionárias. Disponível em: . Acesso em: 25 ago. 2007.
REGRAS das vaquejadas. Disponível em: . Acesso em 31 ago. 2007.
Regulamento do IV Potro do Futuro ABQM de Vaquejada. Disponível em: . Acesso em: 11 set. 2007.
Sem laço: Justiça proíbe vaquejada por causa dos maus-tratos. Disponível em: . Acesso em: 10 set. 2007.
VAQUEJADA: MPDFT e empresário assinam TAC. Disponível em: . Acesso em: 10 set. 2007.
VAQUEJADA é crueldade contra animais? Disponível em: . Acesso em: 31 ago. 2007.

FANZINES POMBALENSES SE ESPALHAM PELO PAÍS


FANZINES POMBALENSES SE ESPALHAM PELO PAÍS

A cena cultural alternativa de Ribeira do Pombal vem mostrando, a cada dia, que essa vicissitude é só uma questão de ponto de vista e está passando de exceção para regra. Desde a publicação do primeiro fanzine ( ZINE INDE) até os dias atuais, muitas outras publicações vêem surgindo, abordando os mais variados temas, levando informação e cultura não só para nossa cidade, mas para todo o país. Um fazine, impresso ou xerocopiado, excede as barreiras da distância e da diferença de culturas e de maneira simples e despojada se espalham por ai a despeito da velocidade da internet hoje em dia.
Publicações Pombalense, suas idéias, seus trabalho, crônicas, poemas e poesias são distribuído em todo o Brasil e também no exterior. O intercambio com diversas pessoas, das mais diferentes idades, condição social e cultura também é muito amplo frutífero. Materiais são requisitados para leitura e exposições de São Paulo, Rio de Janeiro ou Alagoas. De diversas bibliotecas públicas municipais. (Ceará, Piauí, Minas Gerais, Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul). Registro na Biblioteca Nacional e tudo mais. Temos publicações premiadas e reconhecidas e a disseminação de publicações alternativas em Pombal está apenas começando.
Veja alguns fanzines da cidade. Peça o seu e conheça a força das publicações alternativas:

ZiNE InDE – O Inde foi o primeiro fanzine da cidade. Sua primeira edição é datada de julho de 2004. Iniciou-se em formato ofício, depois recortes e colagens. Atualmente em formato A5, livreto com 28 páginas. O Inde aborda temas de cunho social, político, comportamento e arte. Mesmo sem uma periodicidade freqüente, continua na ativa. Encontra-se o último exemplar gratuito na Sorveteria Ki-delícia ou na Biblioteca Pública. E quem não é da cidade e tiver interesse peça pelo e-mail: zineinderp@bol.com.br e receberá pelos correios gratuitamente.



O PIRA – Desde fevereiro de 2005. Hoje são 12 edições publicadas. Adquira na Banca de Revista Opções ou entre em contato...

L.I.X.O – Infelizmente não mais deu continuidade e ficou com uma única só edição. Este tinha uma linha exclusivamente política. Editado pelo baterista da Malaco Velho, Junior, seu foco foi abordar as mazelas vigentes da sociedade.

O COLETIVO – Informativo libertário anarco-punk. O Coletivo publicou até o momento somente uma edição em 2005. Sua temática é contestação e disseminar informações subversivas. Alem de divulgar outros canais locais de informação. Para contatos Falar com Décio Filho pelo e-mail: defirock@bol.com.br


O BARDO – Fanzine poético literário que comenta clássicos da literatura e reverbera poesias, tanto bradas quanto brandas. Além de textos outros afins. Um potencial de letras e sentidos. Um zine que trata de obras e maestros das letras. Já foram 7 edições publicadas desde abril de 2005. Aos interessados, entrar em contato com Paulo Ferreira pelo e-mail: paulero@bol.com.br ou viste www.zineobardopombalense.blogspot.com e veja uma prévia. O site não substitui o material impresso

VOZES DA CIDADE – Esse surgiu após um trabalho grupal de exposição de artes plásticas e musicais através do CLAT. Editado pelo poeta Vinícios C. de Morais e por (irmã de Keite que não lembro o nome). O V.C. é um conjunto de poesia de alguns poetas locais em formato livreto A5. Pode-se encontrar através do e-mail toninhosanc@hotmail.com, entrar em contacto com Vinícios Costa.

O OBSERVADOR DOS DIAS – Na serena observação “introspectiva” do homem, destaca-se como tal, um trabalho alternativo na forma e com propósito poético-reflexivo no fundamento. O Observador dos dias pode ser interpretado como todo aquele que se submete a dar valor as coisas simples, verdadeiras e honestas, onde se preocupa em saber o que é o amor, sua proposta. Apreciar o nascer dos dias, o belo e inspirador mistério das noites. Observar as árvores, apreciar o canto dos pássaros, o homem e seus valores. Abordar o âmago da essência humana a tentar compreender do porquê de tantas maldades, enfim, faz parte dum observador dos dias, o que se pode entender como objetivo desse interessante trabalho. Até porque, compreender “o mundo humano” é ter mais um pouco de consciência da boa utilidade do homem na harmonia mútua e com o meio em que se vive. Apreciar a vida no seu ponto mais máximo e benévolo é de inquestionável prazer. O Observador publicou até então 5 edições. Para adquirir


A QUIMERA - nasceu da inquietação dos autores Kelly Souza e Adelton Oliveira em mostrar aos leitores dessa cidade e de outras, que pode se fazer algo pela cultura ao qual estamos inseridos. Seu nascimento veio da seguinte forma: - Certa vez escrevi um texto retratando a educação e a forma ao qual se procede a educação brasileira, e pensei em expor em algum instrumento de divulgação de nível global que me desse a oportunidade de mostrar o meu ponto de vista e a minha opinião referente a esse tema, mas, não vi a possibilidade de algum desses instrumentos abordar o provável tema devido a não sair da forma que eu desejasse então alguém me disse: “porque você mesma não faz o seu próprio fanzine, assim demonstra o seu ponto de vista, aborda temas reflexivos e questionadores, além de abrir espaço não só para o seu “eu” e sim para qualquer um que esteja com vontade de mostrar suas obras, sua arte, seus trabalhos?”. Então lembrei que um dia me disseram que a nossa liberdade não é dada, é nosso direito ao nascer. Mas, há momentos na história que ela deve ser conquistada, e foi através dessa idéia que que tive a ousadia de iniciar esse projeto. A Quimera, zine que surge com estética organizada, se é que existe organização propriamente dita para um fanzine, com temas contemporâneos, questionadores, reflexivos, abordando alternativas e possibilidades de se mostrar uma cultura mais diferenciada das dos “padrões normais”, mostrando o que se tem aqui em nossa cidade, além de refletir críticas, questionamentos dúvidas, certezas. O Zine pode ser encontrado na Sorveteiria K - Delícia, na Biblioteca Municipal de Ribeira do Pombal e através dos e-mails:aquimera2@yahoo.com.br; celinekel2@hotmail.com; adeltonoliveira@hotmail.com e através dos endereços: Avenida Ferreira Brito, 851 - Centro, Ribeira do Pombal - Ba e Rua Osvaldo Cruz, 1052 - Centro, CEP 48400-000, Ribeira do Pombal - Ba. Possa se dizer que esse “projeto” seja “Utópico”, mas, quem nessa vida nunca foi quimérico? Quem já não sonhou com algum “absurdo?”, quem já não viajou com seus pensamentos e imaginou algo abusivo e diferente? Não existe esse ser, e se existe, deve estar perdido no tempo e no espaço.

15 de abril de 2008

PROGRAMA ROCK EXPRESS - ROCK AND ROLL E CULTURA ALTERNATIVA



Ele nasceu não sei exatamente a que horas, porém o dia em que se tornou fato foi dia 1° de Junho do ano de 2005, numa quarta-feira chuvosa foi ao ar pela primeira vez. O melhor é desde que nasceu, vem crescendo como um menino levado e esperto que não para de crescer. Filho de vários pais e mães (essa nem a ciência consegue explicar), é despojado, único, intenso. Toda semana está no ar. Depois de todas essas dicas descobriu o que é? É ele mesmo, O ROCK EXPRESS. Programa de Rádio,transmitido pela Canabrava FM (104,90), das 20:00 às 22:00 horas, toda segunda-feira. O programa traz dicas e assuntos atuais ao som do mais puro rock and roIl. Teve como um de seus primeiros apresentadores Danilo Cruz. Bem comunicativo e preocupado com as questões que marcaram a época, não só internacionalmente falando, mas também nos âmbitos nacional e regional, e que por conta do destino não pôde continuar à frente do programa. Porém isso não fez com que o mesmo esquecesse ou se distanciasses do programa, muito pelo contrário, estreitou ainda mais a sua relação com o programa Rock Express. Logo depois vieram Aline e Juninho, outra formação que com bastante explosão deu uma nova cara ao programa, tornando o ROCK EXPRESS, que outrora era adolescente e um tanto quanto rebelde, em um homem maduro, que sabe o que quer: provocar, além de momentos de descontração e prazer, momentos de reflexão e introspecção, sobre os mais diversos e polêmicos assuntos que fazem parte profundamente de nossas vidas e que nós infelizmente não nos damos conta. Hoje, o programa conta com a colaboração dos apresentadores Juninho e Rafaela, pessoas que com disponibilidade, responsabilidade e prazer torna o programa mais atraente. Dia a dia ele vai tomando espaços jamais imaginados. Os apresentadores trazem sempre artistas da terra, falando sobre seus trabalhos, fazem entrevistas, não só com pessoas daqui, mas de toda a região. Assim, podemos destacar algumas características básicas do Programa Rock Express: liberdade de expressão e divulgação de idéias marcadas por um caráter alternativo. Sendo assim, Rock Express está inserido dentro de nossas expectativas de se alcançar algo que se deseja e algo em que se batalha, não é fácil colocar um programa como esse no ar toda a semana, mas, através de pessoas dispostas a lutar por uma cultura melhor, hoje nos encontramos aqui, amanhã, só vai depender de cada um de nós.

9 de abril de 2008

MALACO VÉIO: BANDA PUNK/H.C., REVOLUCIONANDO O COTIDIANO!



Power trio de Ribeira do Pombal (Ba), excedendo a rótulos e a visual, fazendo da música um instrumento para sair do ócio e incomodar, a MALACO VÉIO é precursora e referência da cena rock da cidade. Formada em 1999, a banda é influenciada pelo street punk e o hardcore politizado e sarcástico dos anos 80, principalmente por bandas como Garotos Podres, Olho Seco e Dead Kennedys. O nome da banda é extraído do vocabulário popular nordestino; Malaco véio é o malandro sertanejo. É um termo utilizado para designar uma pessoa vivida, esperta, cheia de “artes” e manhas. Que faz das experiências adquiridas ao longo da vida uma arte, um instrumento para transpor as dificuldades do cotidiano. A Malaco Véio possui um cd-demo, gravado em estúdio no ano de 2002, - reeditado em 2007 com 8 músicas - que expressa em suas letras a visão política, social e humanística da banda. Destaque para “Flores para os mortos”, “Sugador” e “Código de Barras”, músicas onde pode ser percebida a capacidade sonora e a fúria da banda. Atualmente estão na produção de algumas músicas para um novo disco em breve. A Malaco Véio tem participado de diversas gigs e festivais importantes da região como o Boicote Rock em Serrinha (já tradicional naquela cidade), O Feira Rock Festival e o Eventual Rock em Ribeira do Pombal, dividindo palco com bandas da cena baiana e nacional como a Ulo Selvagem, Kbrunco, Cobalto, Malefactor e Torture Squad (SP). É com muita resistência e ousadia que a banda Malaco Véio vem ultrapassando fronteiras e transcendendo perspectivas. De fato, revolucionando o cotidiano.


Formação: Ricardo – vocal / Baixo; Juninho – Bateria; Marvin – Guitarra


Contato- A/C: Marvin E-mail: marquinhodoidera@ig.com.br


Tel.: (75) 3276-3696 / 9116-6306

4 de abril de 2008

"VOCÊ TEM FOME DE QUÊ?"

“A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte!” (Titãs)

Com o fim da censura dos governos militares a liberdade de expressão tornou-se fato. Hoje, podemos manifestar e expandir as diversas formas de arte e perceber a cultura do país ou da região seja ela popular ou clássica. Com isso, construir a nossa identidade cultural e expor a nossa individualidade, de forma livre.
Falar sobre a cena cultural de Pombal me faz lembrar da situação dos etíopes em relação à falta de alimento, ou seja, a fome que assola os cidadãos do deste país. Uma alusão a tal estado desumano me inspira a dizer que a cena cultural da cidade está em estado de desnutrição, com fome de cultura.
A desnutrição cultural está assolando. Temos uma geração raquítica e nosso cérebro “ronca de fome”: FOME DE ARTE. Estamos cansados dessas “gororobas” cheias de conservantes, insosso, artificial demais. Sem vitaminas e proteínas que permitam o desenvolvimento da consciência e a construção de novos paradigmas. O que acontece de cultural em Pombal, ou pelo menos o que chamam de “ação cultural” é de tal perversão... posso até dizer que fere os direitos humanos. Fazem uso de uma manifestação, massificando-a, visando atender unicamente a interesses econômicos pessoais. É praticamente uma oligarquia cultural. Está no âmbito da indústria do lazer e da cultura, e da velha politicagem, “o pão e circo” (o que, é claro, não é diferente da maioria das cidades).
Como posso dizer que Pombal não gosta da boa arte. De poesia, teatro, blues, jazz, rock, e bons filmes, se não dão o direito de provar e experimentar algo novo. Então tome-lhe forró, axé, pagode, arrocha, sertanejo e o que tiver de mais degradante, aberrante a preconceituoso.
Ter um espaço alternativo, por mais que ele seja mínimo, para expor um evento, apresentar um trabalho, representa o momento maior do artista e da arte. É uma barraca para o artesão é o microfone e uma aparelhagem de som para um músico e para um poeta, por exemplo. Isso muitas vezes só depende de interesse público e da própria sociedade.
Ribeira do Pombal vem se libertando dos resquícios oligárquico, conservador e feudal, características social e política de cidades do interior. Aliada ao contexto modificado do país, onde, aos poucos, vai sendo expurgado o caráter excludente, preconceituoso e maniqueísta da política fascista praticada pelos governos militares.
Tem muita gente boa rompendo esse ranço passivo e estanque e vem construindo e inovando aos poucos. São jovens cansados do ócio, na ânsia de experimentar coisas novas, romper a barreira do monopólio cultural. Esses “bem nutridos” com multimistura (ideologia do Rock’ n Roll, do movimento Punk, do Socialismo, ideais libertário), fomentam uma Cena Alternativa para a cidade. Fazendo coisas inéditas, como por exemplo, promover a apresentação de banda de blues na cidade, a URUBLUES de Itabaiana (SE). Organizando festivais de rock, trazendo bandas da região e de outros estados (Sergipe e Alagoas), fortalecendo o intercâmbio cultural entre as cidades, realizando exposição de pinturas e apresentações teatrais. Publicações alternativas (fanzines) pipocam na cidade, com idéias das mais diversas, do anarquismo aos clássicos da literatura universal.
A arte é do povo e tem que está nas ruas e praças para o povo. Temos que utilizar a máxima punk “se você quer faça você mesmo”. Temos que nos apropriar dos espaços públicos. É uma ação legal, já que é para atender a interesse coletivo, voltado para o bem comum.

(Texto: Décio Colaboração: Daniela Verena)

22 de março de 2008

DRAMATURGICAMENTE FALANDO...



"ENTREVISTA COM OSVALDO MORAIS


DRAMATURGICAMENTE FALANDO

A cada dia, procura-se invadir outras fontes de informações culturais ou anticulturais ou que provoque questionamentos através de raciocínios pré-socias existentes. A meta é ainda desconhecida, mas tentamos na ordem dos nossos dias, trazer algo que você leitor, se sinta bem com a leitura de agora. O Zine Inde agradece insistentemente aos nossos companheiros de todas as horas, de todos os meses de atrasos, de cartas não respondidas, de cartas extraviadas, enfim. Nossa luta continua! Passamos na residência de OSVALDO MORAIS, um dos poucos dramaturgos que habitam a cidade de Ribeira do Pombal-Ba, cidade onde o Inde é atormentadamente e arduamente editado. Sendo o responsável exato por boa parte da linguagem do teatro local, ele chega a esta metade de década com a responsabilidade de levar sem tanto fôlego e tempo, o respaldo de teatro que existe na cidade distante pouco mais de 4 horas da capital da Bahia. Há mais de 10 anos fazendo teatro na cidade, ele cita aqui todas as questões que ficam e intrigam o caos regional de desafinação financeira e descaso artísiticos. Comenta um pouco dos projetos e da nova geração de grupos amadores da cidade, que de forma tímida e ousada vem quebrando o silêncio dos palcos das ruas da velha localidade. Em discurso hora otimista, hora cansado de tudo, Osvaldo Morais deslancha a culpa do atraso e de perdas na arte da cidade. Questiona-nos quando a questão é futuro, e dá graças a Deus por existir grupos que segundo ele "dão murros nas paredes" no que diz respeito ao teatro na cidade. O que sai desta entrevista é o raios-X das mãos do teatro local... O resto dos raios-X do corpo do teatro da cidade-pólo, você vai ser obrigado a imaginar, fazer sua própria fábula e tentar criar um diálogo, entre dificuldades respiratórias e ossos quebrados.

Boa leitura!

INDE:
Como você definiria a dramaturgia feita com suas palavras? O. Morais: Eu classificaria como um teatro que tenta unir um pouco da comédia e da dramatização. Eu não gosto de tocar apenas "um lado". Gosto de pegar o lado dramático da história, até mesmo pra dar uma mensagem final... Para que o público possa sair com uma mensagem. Mas, também com pinceladas de comédia, que é para prender o público que está assistindo a própria dramatização. É o que os gregos chamam de catarse. Para que as pessoas se identifiquem com a história. São cenas comuns, que indere essas duas coisas: comédia e drama, drama social. INDE: Qual a finalidade da comédia nos seus textos? O. Morais: Ela vem trazer a atenção para o problema. às vezes, é um problema social sério, mas ao mesmo tempo aquilo vem retratado com humor... Aí, as pessoas se surpreendem mais à mensagem. INDE: Como é fazer drmaturgia em Ribeira do Pombal? O. Morais: É descobrir o caminho das pedras! Não temos aqui muito público, nem apoio. Apoio material mesmo. Nem incentivo; não há... Mesmo quando o poder público diz que está "dando" um apoio... Esse apoio normalmente encerra um interesse político partidário, um interesse pessoal... E a gente não pensa dessa forma . Pensamos em apoio pela arte, o apoio pela juventude, não pra dizer: "eu estou apoiando". E aí divulgar o nome de cicrano e beltrano...Aqui muitas vezes, eles vêem o interesse para eles e não o retrono para a arte. E isso me deixa um pouco desanimado. Acaba sendo algo "mal visto". O público não é tão grande... A gente tem que tirar leite das pedras para que saia alguma coisa. Eu digo, porque estou neste caminho desde quado estudava a 7ª série do ensino fundamental. INDE: Qual a atual situação do teatro local? O. Morais: Hoje me dia, eu diria que está tão difícil como antigamente. Não mudou muita coisa. GRaças a Deus que surge de vez em quando um grupo ou outro... Algumas pessoas que se interessam e que tentam e fazem alguma coisa. Mas que é nadar contra maré. São três grupos atuando com muita lentidão, justamente por conta dos problemas, como citei. Falta incentivo, apoio público... Até mais que isso, incentivo ao público que não existe. Claro, que para que essas pessoas passem a gostar da arte, do que outra coisa... O que não acontece nas cidades grandes, aonde as pessoas vai e procura o teatro, porque gostam de teatro. Aqui na cidade pequena, a gente tem que trabalhar para que as pessoas "vão" ao teatro por algum outro motivo, ou outra opção. É por uma questão de incentivo a arte, um trabalho de educação, pela própria arte, em relação ao próprio público. INDE: Comente um pouco sobre suas obras. O. Morais: Tem uma peça que foi bastante vista, se chama "O golpe do caipira", um texto bem voltado para o interior, mas já faz um bom tempo que não é montada. "Pombalenses à luta ou proeza de viver", que é um texto que procura tratar dos problemas locais e regionais - um homem que sai do interior e vem pra cidae grande achando que vai ter grandes mudanças, e depois ele percebe que saindo de sua roça e indo pra cidade os problemas só mudam de nome. É uma peça que trata das ilusões e das desilusões dos sertanejos. Outra peça é a comédia "Brasil com z de Zé", que trata dos percalços da língua portuguesa, trata do estrangeirismo em nossa língua. Temos "Tempos de mudar", "Até quando?" Que está sendo montada atualmente... INDE: A arte no Brasil é elitizada? O. Morais: A elite tem facilidade à arte. Mas, eu diria que o BRasil está despertando bastante com grupos de caráter popular, principalmente nas últimas décadas. Eu citaria até na própria música o "Cordel do Fogo Rncantado" que mistura ritmos regionais populares com infinitos rock's a forró. No próprio teatro a gente vê vários grupos de rua que tem a missão de levar a arte onde o povo está. Mas, a elitização senpre vais existir, porém o povo vem despertando muito por arte, através de grupos pioneiros da música, do teatro, da poesia. Eu diria que o Brasil é um dos países no mundo que mais faz arte popular... A própria vivência do brasileiro, já vem como grande caracter´sitica de "viver fazendo arte". INDE: Para quem você escreve? O. Morais: Eu escrevo para o cidadão comum. Não tenho nenhum texto voltado à elite, eu não gosto. Escrevo para o cidadão que trabalha o dia inteiro e precisa vivenciar algo diferente. INDE: Todas as companhias de teatroda cidade de Ribeira do Pombal recorre ou recorreram aos seus textos para trabalhar... Isso não tornou seus trabalhos repetitivos e em alto-exposição? O. Morais: Eu não sei se todas elas já recorreram. Eu não faço nenhuma restrição para que qualquer pessoa use. Inclusive, todos que tem pedido eu tenho dado, e autorizo até que façam mudanças. Talvez, não sei se é por isso que se tornem repetitivos. Eu acho que quem pode dizer isso são eles! Mas, o que eu procuro fazer é contribuir. Até mesmo pela falta de recursos que nós temos. INDE: Qual seria seus planos fora o teatro? O. Morais: Eu tenho um livro de contos e poesias que esta pronto há 6 anos, que também tem um caráter humanitário, mais humano, do que puramente diversão. Eua ainda não o lancei, não por uma causa da dificuldade financeira, também porque para mim só vale a pena lançar esse livro quando for através de um editora. Por quê? Porque eu não quero publicar 100,200 livretos, 1000, 2000 que seja... Para que as pessoas, como acontecem aqui, comprem "para me ajudarem". Não quero isso. Quero que eles comprem o livro para ler. Por isso a minha espera. Em relação à pintura, eu pinto para mim mesmo e não tenho nenhuma intenção de fazer uma exposição, nem vender ou coisa do tipo. E estou começando um trabalho com um espécie de ONG local para enisnar as pessoas a pescar seus próprios peixes, um trabalho com cursos profissionalizantes. Trabalhando através de pequenos projetos para crescer dentro dessa idéia com o propósito de que "você sabe um pouco? Passe isso para o próximo, passe adiante. INDE: Você vê futuro na cena de teatro local? O. Morais: Primeiro gostaria que você me falasse um pouco sobre esse "futuro, o que é ele? INDE: seria, daqui a dez anos a cidade ter ao invés de 3,10 ou 15 grupos de teatro com força e tonalidade de funções sociais; seria daqui há algum tempo a cidade ter seu primeiro teatro; seria a cidade ter uma base fundada de oficinas e que isso refletisse em boas junções teatrais entre os grupos, talvez seria tudo isso o básico. Seria o futuro. Pelo menos é a base futurística que posso ter desta atual fase já que acompanho na medida do possível esta geração. O. Morais: Entendi. É bom ressaltar que a gente tem um problema serissímo com nossa "cena" que é a fuga de pessoas talentosas para outros pólos culturais. Os da primeira geração, não tiveram tiveram como se manter na cidade por conta da falta de perspectiva mesmo, não na arte, mas na vida em si. Não tendo uma fonte de sobrevivência po aqui às pessoas vão procurar fora. Antes de pensar em um futuro, a gente deveria primeiro tentar manter essas pessoas na cidade primeiramente. Daí depois sim, começaria a trabalhar em cima de planos maiores. A base e o futuro da cena daqui dependem desta questão. Enquanto não resolver isso, não vejo um porque de futuro. E na questão de construir um teatro municipal, temos que cobrar mais. Eu vejo aí à importância destes grupos atuais de estarem dando murro contra a parede... Tem que inistir e tem que lutar. Eu vejo sim, no meu otimismo, que está muito próximo dessas pessoas talentosas que se vão, ficarem na cidade e darem à voz.
A cidade está crescendo aos poucos, mas, está crescendo e com isso as pessoas vão, daqui a certo tempo, ficar por aqui mesmo. Teremos aí a bases muito boas para ter um futuro com todas as indicações que você disse.

Entrevista: Danilo Cruz
Entrvistado: Osvaldo de Morais, professor, poeta, dramaturgo."
(Entrevista publicada no INDE #21-Março/2008)

18 de março de 2008

O mundo realmente anda virado.



"O mundo realmente anda virado. A China comunista e a "liberdade socialista de mercado". Che Guevara estampado em grifes e desfilando em Milão, Paris ou vitrines da Daslú. Alemanha fora de guerras, tendo em seu 1º ministro seu maior rival. Paises do antigo eixo soviético assistindo e participando de reallitys shows. Eleições diretas no Iraque. Milhões de dólares para construir uma pista de F-1 em pleno deserto do Baren para algum árabe milionário assistir sua corridinha no quintal de casa (sic! Castelo). Franceses ouvindo "Minha Eguinha Pocotó" e achando cult. Playboys e patricinhas lotando bailes funks na Vila Olímpia. Carinhas de classe média fazendo RAP estilo massinha de modelar... O mundo tá zuado. Artistas consagrados dividem espaços com celebridades instantâneas em programa de auditório e perdem feio. Que nada de João Bosco queremos mesmo é Jean e Taty Pink. As melhores bandas de rock de hoje, fazem o som de ontem. Os queridinhos da crítica posam como revolucionários da música e somem mais rápido do que aprecem (The Libertines, The Strokes, The Vines e outros The, The por ai). Hoje, legal, é pasmaceira brega dos anos 80 (vide Grethcen, Dominó, Trem da Alegria), todos estão de volta. Será porque os anos 80 eram bons ou será que os anos 2000 é que estão devagar?! “2000, é ano 2000, e vai ser tudo igual, e vai ser tudo igual, vão ficar os homens se olhando, dizendo, o momento está chegando...” O mundo realmente anda estranho. Maneiro é ser virgem. Casar cabaço. Isso depois de estudar, estudar mais um pouco, fazer carreira, comprar uma casa, um carro, e ai, se de tempo arrumar ágüem para dividir o resto da vida.

Ai que saudade eu tenho (acho que nem sei direito de quando) do tempo que não volta mais!!!"

Paulo Ferreira"

(Publicado no zine O BARDO, #0, jun/2005 - zineobardopombalense.blogspot.com )

CENA ABERTA


"Não seria absurdo ouvirmos em qualquer esquina de nossa cidade, que Ribeira do Pombal é uma cidade sem cultura, de jovens sem estímulos e que facilmente são rendidos as drogas e a alienação. Isso não seria nenhuma hipocrisia, nem presunção extrema. Porém, aqui existe pessoas que fazem a diferença, tem um poder imensurável e grandioso no artístico-cultural. Na imprensa alternativa temos: O BARDO, O INDE, O LIXO, O OBSERVADOR DOS DIAS, O PIRA e agora A QUIMERA. Grupos teatrais como os grupos GARRP, CTMA, que realizam em suas interpretações teatrais trabalhos maravilhosos, além de tantos artistas que se encontram reprimidos, desacreditados, escondidos.
Outro movimento interessante é a cena Rock, com alguns anos de histórias, onde começou com as batidas The Tabaréus e da Malaco Veio, em seguida surgiu Alkatraz, Contra Ataque Verbal, Velhus Decreptus e outras que infelizmente tiveram vida curta como a Anomia, Demochaos (antiga Alkatraz). Por um tempo a cena se manteve enfraquecida, mas agora com a força total ela cresce com passos firmes com a volta da Malaco Veio se firmando com sua expressão musical.
Não se pode esquecer dos Festivais (Eventual Rock I, II, III, IV, Garageando, Rock Solidário), organizados com muita força e muita vontade e atitude.
Outro instrumento também de grande valor que temos é o Programa Rock Express (todas as segundas, das 20:00 às 22:00 h na Canabrava FM, 104.9).
Então não seria “quimera” dizer que, aqui existe pessoas que fazem a diferença, basta você se proporcionar, se permitir. Vá a um festival, a uma apresentação teatral que sempre esta surgindo, leia um material alternativo, ouça um programa interessante, etc., ou então, promova uma arte, faça acontecer. Não subjugue sem ao menos conhecer. Lutar por arte e cultura, fazer acontecer, criar? Por que não? Só assim podemos ser dignos de críticas construtivas e até podemos nos diferenciarmos daqueles que subjugam e daqueles que realmente fazem.
Experimente!!!! "

(Publicado no zine A QUIMERA, 1ª edição)

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