4 de abril de 2008

"VOCÊ TEM FOME DE QUÊ?"

“A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte!” (Titãs)

Com o fim da censura dos governos militares a liberdade de expressão tornou-se fato. Hoje, podemos manifestar e expandir as diversas formas de arte e perceber a cultura do país ou da região seja ela popular ou clássica. Com isso, construir a nossa identidade cultural e expor a nossa individualidade, de forma livre.
Falar sobre a cena cultural de Pombal me faz lembrar da situação dos etíopes em relação à falta de alimento, ou seja, a fome que assola os cidadãos do deste país. Uma alusão a tal estado desumano me inspira a dizer que a cena cultural da cidade está em estado de desnutrição, com fome de cultura.
A desnutrição cultural está assolando. Temos uma geração raquítica e nosso cérebro “ronca de fome”: FOME DE ARTE. Estamos cansados dessas “gororobas” cheias de conservantes, insosso, artificial demais. Sem vitaminas e proteínas que permitam o desenvolvimento da consciência e a construção de novos paradigmas. O que acontece de cultural em Pombal, ou pelo menos o que chamam de “ação cultural” é de tal perversão... posso até dizer que fere os direitos humanos. Fazem uso de uma manifestação, massificando-a, visando atender unicamente a interesses econômicos pessoais. É praticamente uma oligarquia cultural. Está no âmbito da indústria do lazer e da cultura, e da velha politicagem, “o pão e circo” (o que, é claro, não é diferente da maioria das cidades).
Como posso dizer que Pombal não gosta da boa arte. De poesia, teatro, blues, jazz, rock, e bons filmes, se não dão o direito de provar e experimentar algo novo. Então tome-lhe forró, axé, pagode, arrocha, sertanejo e o que tiver de mais degradante, aberrante a preconceituoso.
Ter um espaço alternativo, por mais que ele seja mínimo, para expor um evento, apresentar um trabalho, representa o momento maior do artista e da arte. É uma barraca para o artesão é o microfone e uma aparelhagem de som para um músico e para um poeta, por exemplo. Isso muitas vezes só depende de interesse público e da própria sociedade.
Ribeira do Pombal vem se libertando dos resquícios oligárquico, conservador e feudal, características social e política de cidades do interior. Aliada ao contexto modificado do país, onde, aos poucos, vai sendo expurgado o caráter excludente, preconceituoso e maniqueísta da política fascista praticada pelos governos militares.
Tem muita gente boa rompendo esse ranço passivo e estanque e vem construindo e inovando aos poucos. São jovens cansados do ócio, na ânsia de experimentar coisas novas, romper a barreira do monopólio cultural. Esses “bem nutridos” com multimistura (ideologia do Rock’ n Roll, do movimento Punk, do Socialismo, ideais libertário), fomentam uma Cena Alternativa para a cidade. Fazendo coisas inéditas, como por exemplo, promover a apresentação de banda de blues na cidade, a URUBLUES de Itabaiana (SE). Organizando festivais de rock, trazendo bandas da região e de outros estados (Sergipe e Alagoas), fortalecendo o intercâmbio cultural entre as cidades, realizando exposição de pinturas e apresentações teatrais. Publicações alternativas (fanzines) pipocam na cidade, com idéias das mais diversas, do anarquismo aos clássicos da literatura universal.
A arte é do povo e tem que está nas ruas e praças para o povo. Temos que utilizar a máxima punk “se você quer faça você mesmo”. Temos que nos apropriar dos espaços públicos. É uma ação legal, já que é para atender a interesse coletivo, voltado para o bem comum.

(Texto: Décio Colaboração: Daniela Verena)

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